Resumo

Interações entre as plantas e micro-organismos já são conhecidas há muito tempo. Essa interação exige atributos dos organismos que ali residem para que possam sobreviver e, portanto, a produção de enzimas extracelulares, por exemplo, pode ser uma adaptação a esse ambiente, auxiliando não só ele mesmo, como também toda a microbiota residente. As leveduras têm se mostrado grandes produtoras dessas enzimas, e além da importância ecológica, são preferíveis enzimas de origem natural à aquelas manipuladas geneticamente. A caatinga é um bioma comparável com desertos, possuindo clima quente e seco, sua biodiversidade é bem reduzida comparando com florestas tropicais e caracterizada por plantas adaptadas a suas condições extremas. O objetivo deste trabalho é estimar a produção de enzimas por leveduras isoladas do filoplano de bromélias em ambiente de Caatinga. Foram coletadas 20 folhas de bromélias em duas regiões de caatinga: Santana do Ipanema/AL e Maravilha/AL, que foram em seguida processadas no Laboratório de Diversidade Molecular/UFAL, e o produto final do processamento foi semeado em Ágar YM com cloranfenicol (pH 4,0), nas concentrações de 100 e 10-1 ambas em duplicata. Com o objetivo de agrupar os isolados nos filos Ascomycota e Basidiomycota, foi realizado o teste de urease/DBB e fermentação de glicose, além dos testes de atividade enzimática a partir da degradação do respectivo substrato enzimático em meio sólido. Como resultados, foram obtidos 93 isolados de leveduras a partir do filoplano de bromélias de caatinga. Deste total, cerca de 80% apresenta afinidade basidiomicética, corroborando os relatos de que a maior parte das populações de leveduras de superfícies de plantas são basidiomicéticas. Até o momento, 35 deles foram submetidos a testes de fermentação de glicose, onde três apresentaram resultado positivo. Cinquenta e cinco dos isolados foram submetidos a testes enzimáticos até o momento, e cerca de 49% apresentaram resultado positivo para esterase, 36% para amilase, 5% para pectinase, 18% para caseinase e 23% para celulase. Os isolados estão em processo de identificação através do sequenciamento da região D1/D2 do 26S rDNA. Embora o Brasil seja pouco representativo no mercado mundial de enzimas, possui um grande potencial, e as leveduras estão se mostrando grandes contribuidoras para a produção dessas substâncias, sendo assim um grande potencial na biotecnologia industrial além de contribuir para a ecologia desses micro-organismos nesse habitat.